Boletim Focus: inflação tem sua projeção reduzida pela 5° semana seguida, permanecendo em 5,50%
O relatório divulgado semanalmente prevê caminhos que os indicadores econômicos podem seguir

POR: GABRIELA TAVARES
Divulgado pelo Banco Central (BC) na última segunda-feira, 19, os dados obtidos por mais de 100 instituições financeiras e publicados no Boletim Focus analisam o mercado financeiro e as expectativas para os níveis de inflação em 2025. O relatório analisa também o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e a taxa Selic.
A taxa de inflação saiu de 5,51% para 5,50%, tornando-se a 5° semana seguida de queda no índice. Mesmo com a redução, o cálculo inflacionário para 2025 continua acima da meta estimada pelo mercado, que é de 4,5%, estando 1.0% acima do teto esperado. A expectativa do IPCA para 2026 ficou estabelecida em 4,50%. O BC acredita que o IPCA some 4,8% neste ano e 3,6% em 2026, de acordo com dados divulgados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) de maio.
O conselheiro do Conselho Regional de Economia da 8° Região (Corecon-CE), Eldair Melo, comentou sobre os fatores que contribuíram para redução nas expectativas de inflação.
“Destaca-se três fatores principais. A apreciação cambial recente, que está associada à maior entrada de capital estrangeiro e melhora no saldo da balança comercial, isto reduz pressões sobre os preços dos bens. A desaceleração de núcleos de inflação, especialmente em serviços, onde se indica que os efeitos da política monetária contracionista vêm sendo transmitidos à economia e a melhora nas condições climáticas é o terceiro ponto, que está favorecendo tanto a produção agrícola e está impactando positivamente a oferta de alimentos, que é o componente essencial do IPCA.”, explicou.
Em relação a taxa Selic, o comitê fez um aumento em 0,5%, saindo de 14,25% para 14,75%, maior nível percentual desde julho de 2006. Desde setembro os juros já subiram 4,25 pontos. A expectativa para os juros no final de 2026 continua em 12,50%. Ficou previsto para o fim de 2027 10,50%.
Melo explicou o que a projeção do PIB em 2,0% indica na recuperação econômica do país. Segundo ele isso revela um quadro de estabilidade, gerando confiança nas perspectivas de resiliência da atividade econômica, sobretudo ao setor de serviços e agroindústria, além da efetividade da política monetária, com expectativa de ajuste gradual das taxas de juros, e também em ambientes externos mais favoráveis.
O conselheiro comentou sobre a mediana da taxa Selic e como ela reflete na desaceleração da política monetária. “Essa revisão sugere uma expectativa de moderação da política monetária com o BC sinalizando uma condução mais suave da taxa básica de juros à medida que a inflação cede. Isso é sustentado pela continuidade do processo de desinflação, a estabilidade do câmbio que reduz as pressões inflacionárias e um ambiente externo menos hostil com desaceleração dos juros no Estados Unidos”, concluiu.
De acordo com o representante do órgão representativo, os principais fatores que pressionam a inflação no Brasil são: os preços administrados, especialmente os relacionados a energia, os núcleos de inflação, embora estejam desacelerando seguem um patamar ainda elevado, sobretudo em seguimentos de serviços essenciais, pressões inerciais associadas a indexação de contratos e a reposição de margens, por parte do setor produtivo, após anos de choques negativos, e por fim o mercado de trabalho aquecido.
O conselheiro terminou suas considerações comentando que “A expectativa para 2025 indica uma trajetória de desinflação gradual associada com uma condução cautelosa da política monetária visando preservar os avanços obtidos até aqui”.
O economista e professor, Ricardo Coimbra, comentou sobre o que é esperado para o boletim que será divulgado na segunda-feira, 26.
“Em relação aos indicadores do IPCA para esse ano, provavelmente sai de 5,50 para 5,49. Para o ano que vem, 4,50, mantendo a estabilidade. O PIB deve subir de 2,02 para 2,04. Para esse ano e para o ano que vem, saindo de 1,70, talvez indo para 1,72. O câmbio saindo de 5,82, caindo para 5,80 esse ano e mantendo 5,90 para o ano que vem. E a taxa Selic mantendo 14,75 esse ano e 12,5 no ano que vem”, declarou Coimbra.