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Israel anuncia primeiras entregas de ajuda humanitária para Gaza

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Israel anunciou, nesta segunda-feira (28), que as primeiras remessas de ajuda humanitária desde a abertura das passagens de fronteira foram distribuídas na Faixa de Gaza, onde a desnutrição atingiu “níveis alarmantes”, segundo a ONU.

Pela primeira vez em meses, caminhões carregados com ajuda internacional cruzaram, no domingo, a fronteira de Rafah, que leva ao sul do território palestino a partir do Egito, após o anúncio israelense de uma pausa diária nos combates em algumas áreas para fins humanitários.

“Pela primeira vez, recebi cerca de 5 kg de farinha, que dividi com meu vizinho”, disse Jamil Safadi, que mora em uma barraca com a esposa, os seis filhos e o pai doente perto do hospital Al Quds, no norte de Gaza.

O homem, de 37 anos, acorda de madrugada todos os dias há duas semanas para buscar comida. Pela primeira vez, nesta segunda-feira, ele não voltou de mãos vazias. Outros tiveram menos sorte e relataram ter tido sua ajuda roubada ou terem sido alvejados por guardas perto dos pontos de distribuição.

“Vi mortos e feridos. As pessoas não têm escolha a não ser ir todos os dias buscar farinha. O que chegou do Egito é muito pouco”, lamentou Amir al-Rash, um deslocado de 33 anos que não encontrou comida.

O presidente americano, Donald Trump, em visita à Escócia, disse ser “possível” chegar a um cessar-fogo no território palestino, sitiado por Israel desde o início da guerra contra o Hamas, há quase 22 meses.

Fome “implacável”

Os lançamentos de ajuda humanitária sobre Gaza também foram retomados no domingo.

“Aviões israelenses lançaram sete caixas de alimentos (…) no noroeste da Cidade de Gaza. Dezenas de pessoas correram para buscá-las”, relatou Samih Humaid, de 23 anos, que disse ter voltado para casa com “apenas três latas de feijão”.

“A fome é implacável”, acrescentou.

No final de maio, Israel suspendeu parcialmente o bloqueio total imposto à Faixa de Gaza em março, o que havia causado grave escassez de alimentos, medicamentos e outros bens essenciais, além de um risco de fome generalizada entre seus mais de dois milhões de habitantes, segundo a ONU e diversas ONGs.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no domingo que a desnutrição atinge “níveis alarmantes” no território. Das 63 mortes relacionadas à desnutrição em julho, 24 eram de crianças menores de cinco anos.

Nesta segunda-feira, Israel anunciou que 120 caminhões de ajuda humanitária foram distribuídos em Gaza no domingo pela ONU e diversas organizações humanitárias, depois de anunciar uma pausa nos combates todos os dias entre 10h00 e 20h00 em diversas áreas.

Israel, que controla todo o acesso a Gaza, nega qualquer bloqueio à ajuda, e acusa o Hamas de saquear as remessas e as organizações humanitárias de não distribuí-las. No entanto, essas organizações alegam que Israel impõe restrições excessivas à entrada de ajuda no território.

Entre 500 e 600 caminhões

Várias ONGs saudaram a retomada das entregas de ajuda, embora tenham observado que ainda são insuficientes.

A Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA) alertou que pelo menos 500 a 600 caminhões de alimentos, medicamentos e produtos de higiene são necessários todos os dias.

“Esperamos que a UNRWA eventualmente seja autorizada a trazer milhares de caminhões (…). Eles estão atualmente na Jordânia e no Egito aguardando sinal verde”, acrescentou.

Apesar das pausas humanitárias anunciadas por Israel, a Defesa Civil de Gaza anunciou nesta segunda-feira a morte de 16 pessoas em ataques ou disparos perto de pontos de distribuição de ajuda.

Nesta segunda-feira, duas organizações israelenses de direitos humanos acusaram Israel de cometer um “genocídio” em território israelense.

A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque do movimento islamista palestino Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.219 mortos do lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que deixou pelo menos 59.821 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007, e considerados confiáveis pela ONU.

*DA AFP

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