Uma seca forte no semi-árido do Nordeste deve ser o próximo evento decorrente do aquecimento global do planeta conjugado com o fenômeno El Niño. O climatologista Carlos Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da USP e copresidente do Painel Científico da Amazônia, alerta que estas circunstâncias irão afetar a região entre fevereiro e maio, que coincide com o período de chuvas.
“Como vamos ter El Niño muito forte no começo de 2024 nós já podemos prever uma seca muito forte no Nordeste, também porque o Atlântico está muito quente. Ele induz seca no Nordeste mesmo quando não tem El Niño. E a temperatura do oceano está batendo recorde ao norte da linha do Equador”, afirmou.
De acordo com Nobre, o aquecimento global, que deve fazer de 2023 o mais quente dos últimos 125 mil anos, potencializa fenômenos climáticos extremos. Secas nas regiões da Amazônia e do semi-árido, aumento de precipitação na região Sul e clima mais quente no Sudeste e no Centro-Oeste são decorrências normais do “El Niño”, mas não na dimensão e na frequência atual. “Teoricamente você tinha uma seca na Amazônia a cada duas décadas. Agora estamos tendo duas secas fortes por década. Isso é impacto do aquecimento global”, afirma Nobre.
Cerrado, às vezes fica no Paraná, ou no norte de Minas Gerais, ou em Mato Grosso. Não conseguimos prever”, afirma. Ele ressalva, contudo, que “ “normalmente a intensidade da seca do Norte e no Nordeste não se equipara à seca no Sudeste e no Centro-Oeste. Pode ter alterações, mas elas não chegam a ser secas pronunciadas como Norte e Nordeste e não chegam a ser chuvas em volume tão exacerbado como no Sul”.
*DN