Terremoto na Turquia se torna o mais letal do país após mais de 35 mil mortes
O terremoto de magnitude 7,8 que atingiu a Turquia na semana passada se tornou o mais letal da história do país. Segundo o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o número de óbitos em decorrência do sismo no território atingiu a cifra de 35.418 nesta terça-feira (14), ultrapassando a marca de 33 mil mortos do desastre de 1939.
Enquanto isso, cresce na Turquia o temor de que a catástrofe seja usada pelo governo como desculpa para uma escalada autoritária –há 20 anos de poder, Erdogan é acusado de erodir a independência do Judiciário, corroer a liberdade da imprensa, e enfraquecer o respeito aos direitos humanos no país.
Criticado pela resposta lenta de seu governo ao episódio, o presidente tem tentado se desviar dos ataques afirmando que “notícias falsas e distorcidas” têm colocado as pessoas umas contra as outras e criado uma atmosfera de caos. Em outubro passado, o Parlamento da Turquia aprovou uma lei segundo a qual usuários de redes sociais podem ser presos por até três anos por espalhar “desinformação”.
Organizações independentes alegam que essa face autoritária já pode ser vista no controle de Ancara das redes logo após os primeiros tremores. A NetBlocks, que monitora a internet livre pelo mundo, afirmou que o Twitter foi bloqueado no país por diversas provedoras por 12 horas no dia do terremoto, possivelmente por ação do governo, dificultando a comunicação em um momento em que ela podia salvar vidas.
Nesta quarta-feira (15), a polícia afirmou ter detido 78 pessoas acusadas de incitar medo e pânico por “compartilharem publicações provocadoras”. O Diretor Geral de Segurança do país acrescentou que retirou do ar 46 sites que se apresentavam como organizações que recebiam doações para vítimas do terremoto –um golpe–, e derrubaram 15 perfis de redes sociais que alegavam ser oficiais, mas eram falsos.
Já na Síria, onde o terremoto agravou um contexto já devastado por quase 12 anos de guerra civil, foram registradas cerca de 5.800 mortes, fazendo com que, juntos, os dois países somem mais de 41 mil óbitos.
Com o passar dos dias, os resgates em ambos os países têm se tornado menos frequentes, embora histórias de vitímas que passaram dias soterradas pelos destroços antes de serem salvas tenham começado a emergir.
O foco das operações se torna, então, o apoio a sobreviventes e a reconstrução da infraestrutura sanitária das regiões atingidas, danificadas ou inoperáveis em razão dos tremores. Autoridades agora enfrentam a tarefa de tentar impedir doenças de se alastrarem e tirarem ainda mais vidas.
Milhões necessitam de ajuda humanitária –muitos deles perderam suas casas no meio do inverno. Também nesta quarta (15), a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou estar especialmente preocupada com a situação no noroeste da Síria, área dominada por rebeldes e com poucas vias para a chegada de ajuda humanitária.
No início da semana, o ditador sírio, Bashar al-Assad, permitiu a entrada de comboios da ONU por outros dois pontos de acesso na fronteira com a Turquia.
FOLHAPRESS